quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Brasil, nosso

Brasil do samba, do sangue, calor
Brasil da negra, do loiro, da gente
País bonito, rico, vibrante

Terra do drible, harmonia, alegria
Quem sabe o que é, nao o deixa,
quem sabe o que quer, não se queixa

Do Nordeste trabalhador,
à São Paulo, seguimos em frente
Não se engane, Brasil, se encante.

Renan Lamarck

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pela janela

A noite de quase verão já era quente. Talvez uma das mais quentes daquele ano.
No velho relógio pedurado na parede, ao lado do quadro sem autor, era apontada às três da madrugada. Um olhar pela janela de sua casa, nada. Apenas a sensação de uma fina chuva e intensa que começava a cair do céu.
O vento soprava, e sobrava. Calmo, mas ainda quente, abafado. Novamente um olhar pela janela aberta. Agora observando de fato, ao longe viu passar um carro.
Barulho da chuva no asfalto molhado, cheiro de chuva, nada de diferente até onde a vista alcançasse.
Finalmente ele vê alguma coisa relevante, mas longe.
Passos firmes, diretos, sem pensar nem parar. A atitude chama atenção.
Mais para fora do que pra dentro de sua janela, e então de sua vida, ele tenta ver mais de perto, mas se descuida. Um escorregão. Tenta se apoiar na lateral da janela já molhada,a mão também escorrega. Olhar fixo para baixo, em uma fração de segundo ele viu o abismo entre ele e o chão. A cutrta distância entre a morte e a vida. Três andares.
Tudo perdido, sem motivo e nem razão.
Inevitável, no entanto a velha cortina o segura, ou melhor, ele se agarra rasgando o objeto num último ato de defesa. Se salva.
Reconstituido e posicionado em pé, já traqnuilo, escuta duas batidas na porta.
De repente fica tenso, não esperava ninguem, ele abre a porta.
Sem saber de fato o que o esperava, ele sabia que só poderia ser a instigante figura observada antes. Duas palavras de um, três da parte do outro. Começa a briga, que se estende por algum tempo, até, de forma dramática as duas personagens se posicionarem próximas aquela janela. Sem explicação e sem impotância eles estavam lutando pela vida.
Rápida e definitivamente tudo acabou quando um dos dois homens voou da altura dos três andares e se chocou contra o solo.
De perto o asfalto já nao parecia tão duro. De forma mórbida o calor já havia passado, molhado e refrescado ainda pela fina chuva que havia caído.
Lá de cima o que sobrou observou pela ultima vez e saiu.
Dizem que foi suicídio, mas o que se soube tempos depois é que se tratou apenas de mais um homicídio na cidade.

domingo, 8 de novembro de 2009

Que a taça seja entregue ao justo tetra-hepta


Fluminense 0x0 Palmeiras no Maracanã, reta final do Campeonato Brasileiro, sol de quase 40 graus, rodada decisiva na briga por titulo, vagas na Copa Libertadores e na fuga do rebaixamento, quando, bola alçada na área e o anjo negro Obina sobe de cabeça, mesmo puxado pelo adversário, ele abre o placar para o alviverde. Gol! Legitimo, importantíssimo – não apenas para o Palestra, mas também para vários times, como, Fluminense, Botafogo, Santo André, Náutico, Sport, Internacional, Cruzeiro, Atlético, Flamengo, e o São Paulo-, mas incompreensivelmente anulado pelo senhor arbitro gaucho Carlos Eugenio Simon, arbitro FIFA, que não deveria tremer na hora da decisão. Daí em diante o Palmeiras não jogaria bem, também pelo gol mal anulado, e pouco ameaçaria o gol defendido pelo arqueiro do tricolor carioca.

Falar em erros de arbitragem pode parecer um belo de um “chororô” de quem não sabe perder, mas não é, o Palmeiras, e o palmeirense, já não agüenta mais isso. Basta lembra algumas passagens recentes, como a disputa de pênaltis entre Palmeiras e Ipatinga pela Copa do Brasil, vez em que o trio de arbitragem da partida mandou repetir a cobrança de um pênalti defendido por Diego Cavallieri, que de maneira legal apenas havia se mexido depois que o jogador adversário chutou a bola. Ou ainda, como o pênalti, inexistente, cometido por Correa em Junior na Libertadores de 2006, ou o gol marcado pelo fraquíssimo atacante Max e mal anulado dentro do Palestra Itália no ano de 2007, ambos lances, coincidentemente, contra o tricolor do Morumbi.

Contudo, não se discute que um gol de verdade e sem nenhuma irregularidade – visível ou invisível -, como este, ao ser mal anulado venha, como aconteceu, a prejudicar uma equipe dentro de campo. Soma-se a isso o fraquíssimo zagueiro Marcão, e a burrice, ou melhor, a afobação de um time que sonha tanto, ou sonhava, em ser campeão nacional, e que por esse mesmo motivo alterna momentos patéticos, como as derrotas para o Náutico e para o Santo André, com outras vezes de garra e brilhantismo, vide o empate contra o Corinthians e a goleada para cima do Goiás.

Vagner Love não tem sido nem sombra do matador que já foi um dia, Diego Souza sente a falta de Cleiton Xavier no meio de campo, Muricy Ramalho parece sempre escalar mal o time, e em meio a tudo isso até o comum zagueiro Mauricio Ramos, lesionado, faz falta a equipe do Palmeiras.

Mesmo assim o Palestra, por vezes vestido com o manto azul da squadra azzurra, luta, pode vir a engrenar ainda nos jogos que restam, e deve sim brigar pelo titulo até a ultima rodada. No entanto, é improvável que o pontinho anulado, e conseqüentemente, não conquistado no Maraca, não faça falta na tabela final de classificação. O alviverde tem todo o direito de protestar, assim como seu torcedor tem o dever de cobrar um time que já era para, apesar de tudo, estar com a mão na taça.

Dessa maneira, o São Paulo, que não deve ter nada a ver com os problemas de arbitragem que o alviverde enfrenta, segue burocrático, ganhando de 1x0 em casa contra o Barueri. Sem jogar nada de mais – mas fazendo sua parte dentro de campo, e melhor ainda fora dele -, o tricolor se prepara para levantar mais um caneco. Erros ocorrem todos os dias, é o artilheiro que chuta o pênalti para fora, é o goleirão que aceita um frango no meio das pernas, mas em certas ocasiões erros são inadmissíveis. Carlos Eugenio Simon, que, teoricamente, se prepara para representar o Brasil em mais uma Copa do Mundo ajudou a decidir o campeão nacional de 2009.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma Festa Portuguesa

Desde o principio a idéia parecia boa! Mesmo se tratando de um confronto de Serie B, para um amante do futebol, acompanhar uma partida entre o, então, líder do campeonato, o Campeão Brasileiro de 78, Guarani - finalmente em ascensão depois de vários anos sendo rebaixado e brigando apenas pelas ultimas posições de quase todos os torneios que disputou -, contra a Lusa, time de colônia, sim, mas que também briga e sonha em voltar a ser o que já foi um dia, tempo no qual chegou a decidir Campeonato Paulista, e títulos nacionais.

Longe de me dizer entendido, ou “expert”, no assunto, mas quando olhei na tabela do campeonato no dia anterior e vi que no Canindé se enfrentariam Portuguesa e Guarani logo me lembrei de um amigo, torcedor do Juventus da Mooca que gosta de um futebol, digamos, mais alternativo do que o de Serie A (Palmeiras, Corinthians, São Paulo...), e pensei: Lusa x Bugre, mesmo sem holofotes, sem muito alarde da imprensa, tem tudo para ser um jogão de futebol.

Depois de esperar uma eternidade no metro Tiete, até que enfim chegassem meus companheiros na noite lusitana, protestei com um deles, pois a partida já estava em andamento e lá já iam pelo menos vinte minutos de partida. Quando finalmente chegamos ao Canindé, mas ainda do lado de fora do estádio da Portuguesa alguém avisa que a partida estava 1x1. A entrada mais próxima de onde estávamos era a do Bugre, tentei convencer meus amigos a entrarem nessa torcida – eu tinha quase certeza de que seria um grande jogo, como já mostrava o placar de 1x1 com alguns minutos da primeira etapa, no entanto eu acreditava numa vitoria do Guarani, e naquele momento queria acompanhar mais de perto a possível festa do ate então líder da segundona -, nada feito demos uma volta no estádio até finalmente encontrar a bilheteria da Portuguesa. Ainda do lado de fora escutamos a explosão do grito de gol. Foi da Lusa? Que nada, o Guarani virava a partida para 2x1.

Compramos o ingresso e corremos para a arquibancada, vale ressaltar que para a torcida da Lusa tudo ali era meio longe, tivemos que dar uma longa volta para chegar ao portão de entrada, andar até a bilheteria, e depois retornar para próximo da entrada onde havia uma escada que dava na arquibancada lusitana. Era mais fácil ter entrado na torcida do Guarani.

Agora sim na arquibancada, nós que estávamos num grupo de oito pessoas nos separamos, eu e meu amigo, que fomos os primeiros a chegar ao ponto de encontro no metro, ficamos atrás do gol defendido pelo goleiro Fabio da Portuguesa. Um pequeno parêntese, se há um lugar bom para ver jogo de futebol, esse local é o estádio do Canindé, verdade que muita coisa é ruim e desorganizada, fato é que estamos no Brasil, mas em matéria de visão que se tem do campo, o Canindé, mesmo por ser acanhado, da um pau no Morumbi e no Palestra.

Atrás da meta lusitana, correndo o risco de levar quem sabe até uma bola em algum chute forte por cima do gol, tive o prazer de acompanhar um frangasso do goleiro de pernas compridas, Fabio. Um chute cruzado do lateral bugrino Maranhão que passou no meio das pernas do arqueiro. Ainda no final da primeira etapa, enquanto a torcida verde e branca, que praticamente lotava a área reservada aos visitantes, cantava e fazia festa, o Guarani ainda teve algumas chances de aumentar a vantagem, parecia que ia se desenhando uma humilhante goleada para a segunda etapa. Enquanto do outro lado, o torcedores lusitanos xingavam e reclamavam de alguns jogadores, dentre eles o experiente Cesar Prates que não apoiava e nem marcava.

Tudo indicava que a Lusa, caso não mudasse a postura dentro de campo, tomaria uma histórica goleada dentro de sua própria casa. No entanto um homem, que inclusive perderia um gol feito, foi o grande responsável pela virada Portuguesa: o centro-avante Christian, chamado pela torcida da Lusa de Jesus Christian.

A alteração de Paulo Bonamigo, técnico da Lusa, deu certo e Christian entrou em campo chamando o jogo, sem medo dos marcadores adversários, e principalmente com sua postura, tirando a bola do campo de defesa da Lusa e tornando sua equipe mais ofensiva. Vendo que o time reagia dentro das quatro linhas a torcida da Portuguesa passou a apoiar, cantando sem parar e demonstrando seu amor pela tradição do rubro-verde. Na base da pressão a Lusa marcou dois gols de cabeça, em jogadas parecidas de bola alçada na área, e igualou a partida em 3x3.

Entretanto ainda restavam alguns minutos de bola para rolar, a torcida portuguesa cantava, “vou torcer pra Lusa bebendo vinho, a serie A é o meu caminho!”, e o caminho da virada era a pressão. Cabeçada de um lado, bola rolada pra trás e bomba de Marco Antonio, que ainda desviou em Andrézinho, matando o arqueiro do guarani.

Virada heróica, e histórica, os fanáticos torcedores se abraçavam e vibravam com a conquista, o velho placar do estádio, ao final do confronto, marcava Portuguesa 4x3 Guarani. Como á tempos não se via, a torcida rubro-verde viveu uma noite de mágica, uma noite com futebol de vencedor. Mesmo tendo perdido o inicio de jogo, e os três gols iniciais, por sorte o futebol nos reservou o melhor para o final. Festa lusitana com direito a tomar caldo verde de colherzinha no final!

terça-feira, 7 de julho de 2009

O Corinthians e a Copa Libertadores


Após a grande conquista de sua terceira Copa do Brasil - campeão em 1995, 2002, e, agora, em 2009 -, o Corinthians já convive, mesmo ainda faltando seis meses para o inicio da competição, com sua nova missão: o sonhado titulo da Libertadores.

Pensando no ano de seu centenário, 2010, e a muito tempo almejando a conquista do principal torneio futebolístico da America do Sul, o timão se preparou muito bem para a temporada de 2009, vem colhendo os frutos (campeão Paulista e da Copa do Brasil), e já garantiu vaga na próxima Libertadores. A diretoria alvinegra acertou muito em manter a base do time, que havia conquistado a Serie B no ano passado, e acertou mais ainda quando resolveu fechar o contrato com o fenômeno Ronaldo. No entanto, para bancar o craque da camisa 9, o Corinthians vendeu toda sua camisa para anunciantes, poluindo a imagem do manto alvinegro, o que a principio não agradou em nada a maior parte de sua torcida.

Contudo, é impossível se pensar em “Corinthians disputando a Libertadores” e não vir a mente uma única palavrinha: fracasso! É triste para a fiel torcida, mas a realidade é essa, o time de Parque São Jorge não é de conseguir muitos feitos fora do cenário nacional. Vale lembrar que nas vezes em que participou do torneio sul-americano o timão colecionou duras derrotas.

Talvez a mais dura delas tenha sido no ano de 2000, e justamente para quem, para seu arqui-rival, o Palmeiras. Repetindo o feito do ano anterior - quando o Palmeiras derrubou o timão nas quartas de final e posteriormente se sagrou campeão da America -, no ano 2000, Corinthians e Palmeiras protagonizaram uma grande semifinal, verdadeiras aulas do bom futebol brasileiro que vão estar para sempre na historia dos dois clubes. Depois de vencer a primeira partida, o Corinthians podia até empatar para levar a vaga na decisão, chegou a estar vencendo o embate, contudo no final da partida viu o alviverde virar o jogo com um gol heróico do volante Galeano. Naquela noite a decisão foi para os pênaltis, todos do Palmeiras converteram as penalidades, os do timão também, e o destino colocou frente a frente um dos maiores ídolos da historia corintiana, Marcelinho Carioca, contra o já idolatrado no Palestra Itália, o goleiro Marcos. Na ultima penalidade Marcelinho tentou acertar o canto direito do palmeirense, Marcos voou e espalmou a bola. O Corinthians era mais uma vez eliminado.

Muito mais pressionado pela torcida e pela mídia, depois de seu principal rival ter conquistado a America em 1999, e de seus outros dois grandes adversários, o São Paulo e o Santos, também terem sidos campeões continentais anteriormente, o Corinthians sofreu outros dois duros golpes dentro da Libertadores.

Primeiro, em 2003 o bom e rápido time alvinegro campeão da Copa do Brasil parou no River Plate, da Argentina. Comandado pelo, hoje colorado, Andrés D`Alessandro o River arrasou o timão, que se gabava de ter o “melhor lado esquerdo do mundo” (com Kleber e Gil, mas já sem o meia Ricardinho). Anos mais tarde, o poderoso Corinthians, contando com a ex-estrela do Boca Juniors, Carlitos Tevez, e também com outros grandes nomes do momento no futebol, como Mascherano (ex-River), Carlos Alberto e Roger (ambos ex-Fluminense), foi mais uma vez derrotado pelos argentinos do River Plate. Dessa vez, não satisfeita com o papelão que o time fazia dentro de campo ao ser derrotado por 3x1, quem roubou a cena foi a torcida que resolveu quebrar tudo no Pacaembu, tentaram entrar no gramado para pegar os jogadores, mas felizmente foram contidos pela valente policia. Mais uma vez o timão deixava a Libertadores de forma muito amarga.

Por fim, fica difícil acredita que exatamente no ano do seu centenário, momento de muita pressão dentro de qualquer clube, o alvinegro paulistano conseguira finalmente erguer a taça de campeão da Libertadores. Se não foi campeão continental com o time que era bicampeão brasileiro (contando com craques como Marcelinho, Dida e Vampeta), e posteriormente em 2006 quando contava com os argentinos Tevez e Mascherano, realmente parece uma missão muito difícil para Ronaldo e companhia.

Assim, o timão já respira a Libertadores de 2010, com toda a pressão que se possa imaginar. Nos diários esportivos e na televisão não se fala de outra coisa quando o assunto é Corinthians, torcedores nas ruas só falam em conquistar a América, e, inclusive, os jogadores também só pensam na Copa Libertadores. Nos resta aguardar, esperar os demais times classificados, esperar pelo sorteio dos grupos, e ver se enfim o timão mostrar ser uma equipe de proporções mundiais.

domingo, 5 de julho de 2009

A camisa 5

Direto ao ponto, a primeira função desse blog, camisa 5, é a de ser um local onde eu possa comentar sobre qualquer tema que para mim tenha alguma importância – sendo relevante, ou não, para os outros. Isso independente de se tratar de musica, futebol, política, livros, cinema, arte, ou qualquer outra coisa que seja.

Pensando, então, nesse blog tão amplo, visto que não tem um tema único definido, difícil foi pensar em qual seria minha primeira postagem. Envolto em um tempo onde Muricy Ramalho e Luxemburgo estão desempregados; fazendo praticamente uma semana que o Rei do Pop, Michael Jackson, morreu; e ainda, pouco depois de os “manda-chuvas” da F1 anunciarem que a mais honrosa categoria do automobilismo mundial não ira se rachar em duas; mesmo assim, em meio a esses acontecimentos, e tantos outros, achei que o mais interessante seria falar sobre a tal da camisa 5, que da nome ao blog.

Simples: a camisa 5 sou eu! Dentro dela tem um pouco de tudo, inteligência, amizade, raça, um pouco de anarquismo, frieza, discernimento, noção do que é “certo” e do que é “errado”, amor, intuição, loucura, companheirismo, falta de noção, diversão, rock, e muita força de vontade, isso, só para citar algumas, poucas, coisas.

Por fim, dentro dessa camisa 5 tem um ser humano, igual e diferente a todos os outros, com vontades e desejos, angústias e sofrimentos, como todos os outros. Bom, acho que já falei muito, e que ao mesmo tempo acabei não dizendo quase nada, mas toda essa introdução foi apenas para terminar afirmando que a função desse blog não é a de julgar nada, nem ninguém, sem certo e nem errado, sem contra e nem a favor. Esse blog, e muito mais quem escreve nele, só quer entender as coisas, não mudar, por que isso talvez seja muita pretensão, mas analisar e entender a sociedade, as pessoas, as coisas, o mundo.